O consumo de energéticos, muito popular entre jovens, tem causado preocupação crescente entre cientistas. A combinação de ingredientes desses produtos foi analisada por pesquisadores das universidades do Texas e de Queensland (Austrália). Agora, o grupo questiona não só a eficácia, mas também a segurança de ingerir essas bebidas.
Em um artigo publicado na revista “The Mayo Clinic Proceedings”, os cientistas alertam para o alto nível de cafeína contido nos energéticos. De acordo com o texto, o consumo demasiado dessas bebidas poderia provocar danos sobre a pressão arterial, frequência cardíaca e função cerebral de consumidores mais vulneráveis àquela substância.
A equipe, liderada por John Higgins, destaca registros de convulsões associadas ao uso de energéticos. O trabalho cita, também, o caso de um jovem saudável de 28 anos que sofreu uma parada cardíaca após um dia de corrida de motocross. Em outro trecho, é lembrada a história de um adolescente de 18 anos, que morreu jogando basquete após beber duas latas de um energético. Ele também não apresentava problemas de saúde.
“Adolescentes e jovens adultos, atletas ou sedentários, estão consumindo energéticos em uma taxa alarmante”, escreveu Higgins. “Precisamos determinar se o uso desses produtos, a longo prazo, vai provocar efeitos deletérios”.
Coautor do estudo, o fisiologista do exercício Troy Tuttle contou ver muitos participantes de equipes esportivas recorrerem a energéticos em vez de isotônicos. O que, para ele, é um erro: “Os isotônicos são basicamente água com açúcar e eletrólitos. Os energéticos contêm uma grande quantidade de ingredientes, muitos ainda não pesquisados, especialmente quando combinados”.
João Carlos Bouzas, professor do Laboratório de Performance Humana da Universidade Federal de Viçosa, assegura que a troca de um produto pelo outro não surte efeito.
— Se houvesse qualquer comprovação de que o energético tem alguma propriedade para melhorar o desempenho atlético, ele estaria na lista de dopagem do Comitê Olímpico Internacional — explica.
Para o fisiologista Turíbio Leite de Barros, coordenador do Centro de Estudos em Medicina da Atividade Física e do Esporte, o energético tem sido usado como “bode expiatório”:
— A única substância que exige cautela num energético é a cafeína — avalia. — E cada lata tem 80 miligramas dela, uma dosagem oito vezes menor do que a permitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para venda de um produto. O energético é um bode expiatório porque muitos atribuem a ele a culpa que pertence a outras substâncias consumidas pelo mesmo público, como o álcool.
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